Designer de moda Noemi Martinelle é estilista de uma marca independente
Movimento que apoia a desaceleração na produção de moda, o slow fashion quer ir contra tudo que as grandes marcas estão investindo.
No
mundo da moda alguns conceitos surgem, se modificam e se misturam. Em uma
geração que consome muita informação de forma rápida é comum que o universo
fashion acompanhe essa velocidade e faça com que alguns conceitos ganhem
notoriedade, como é caso do fast fashion, que é o lema de diversas marcas
famosas por oferecerem coleções novas a todo instante, seguindo as últimas
tendências por um preço acessível.
Contudo,
alguns conceitos nunca morrem e de alguma maneira sempre permanecem lutando por
espaço maior diante de tanta rapidez e tecnologia. Um desses conceitos é o slow
fashion, que busca o inverso da fabricação e do consumo instantâneo e
desenfreado do fast fashion.
Criado
pela consultora e professora de design sustentável, a inglesa Kate Fletcher, o
objetivo do movimento é ser uma alternativa à produção em massa, buscando
conscientizar a sociedade das matérias-primas que são utilizadas para as
confecções, da importância do consumo sustentável e do fortalecimento entre
produto e consumidor, valorizando o contexto histórico da peça e suas
diversidades. Todas as peças de marcas que investem no slow fashion são
produzidas à mão, com matérias primas naturais e duráveis, além disso, são
produzidas em baixa escala e geralmente em ateliês. O conhecido trabalho
artesanal é um início para quem quer se inserir no estilo de produção.
A
designer de moda Noemi Martinelle é estilista desde 2015 de uma marca independente
em São José do Rio Preto, a NOA, marca que segue o conceito slow fashion. Noemi
afirma que pensa muito no cliente e em sua personalidade no momento de criar
uma peça. “A minha proposta é inserir a ideia de que não é preciso comprar
muitas roupas, mas uma roupa de qualidade, que te represente”, diz.
Diante
de um mundo globalizado, nos últimos tempos surgiram nas passarelas um novo
conceito inserido às marcas de fast fashions: o “see now, buy now” (veja agora,
compre agora). Este conceito promete acelerar ainda mais a venda de peças no
ramo da moda. Uma peça que é vista hoje nas passarelas pode ser adquirida na
manhã do dia seguinte em todas as lojas da marca que realizou o desfile.
Para
Noemi, o slow fashion é, além do consumo consciente, uma reflexão sobre
consumir apenas o necessário e sobre dar mais atenção para a moda. A designer
faz um alerta sobre essas produções em massa e sobre a importância em analisar a
origem das peças de roupas no mercado: “A moda é esquecida porque ela é vista
como algo banal, fútil. Consumimos muitas roupas que são produzidas na China e
em Bangladesh com trabalho escravo, trabalho infantil. Muitas marcas conhecidas
utilizam do trabalho escravo, mas elas recebem uma multa que podem pagar
tranquilamente, então não irão parar com a produção. Precisamos ter em mente: O
que estamos consumindo? E entender esse processo”.
O
slow fashion ganha anualmente destaque em um evento mundial: o Fashion
Revolution Day. Foi criado, em 2014, por um conselho global de líderes da
indústria da moda sustentável após um acidente no edifício Rana Plaza, em
Bangladesh, em 24 de abril de 2013, que matou 1.133 funcionários e fez mais 2,5
mil feridos. O evento buscou fazer uma reflexão sobre o verdadeiro custo da
moda, apresentar seu processo de produção e mostrar transparência entre os
participantes desse processo, envolvendo tudo em uma atmosfera sustentável. O
evento quer trazer uma resposta para a pergunta: Quem fez minhas roupas? E
apresentar todo o processo, mostrando que a compra é o último passo de um longo
processo que precisa ser conhecido mais a fundo. O Fashion Revolution week
acontece no Brasil em diversas cidades do país, além de
ocorrer em mais de 90 países.
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